Sonhar é, muitas vezes, o primeiro passo para transformar realidades. Para Suelinda Corsino, natural de Cabo Verde, o desejo de estudar teatro sempre existiu, embora por muito tempo tenha parecido distante e inalcançável. Hoje, esse sonho começa a tomar forma no Campus VII da UNEB, em Senhor do Bonfim (BA), onde ela está realizando um intercâmbio acadêmico, cursando Licenciatura em Teatro
por meio do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) — uma iniciativa do governo brasileiro voltada a jovens de países em desenvolvimento.
Desde a infância, Suelinda demonstrava fascínio pelas artes cênicas. Mesmo sem contato direto com o teatro em sua cidade — sem espetáculos, sem aulas de artes e com acesso limitado à informação —, ela observava atentamente as novelas brasileiras, fascinada não somente com o que acontecia por trás das câmeras. “Eu assistia e ficava pensando: como é que elas conseguem chorar assim? Como fazem para parecer tão reais?”, lembra.
Depois de concluir a graduação em Ciência Política e Relações Internacionais, Suelinda passou a participar de oficinas, grupos e montagens locais. Atuou em três espetáculos marcantes: Amdjer (traduzido do crioulo: “Mulher”), Cabaret e Sonho de uma Noite de Verão, apresentado no prestigiado Festival Mindelact
— um dos principais eventos teatrais de Cabo Verde.
Suelinda foi aprovada no PEC-G em 2024 e, antes mesmo de chegar ao Brasil, já trocava mensagens com colegas do curso de Teatro no Campus VII, em Senhor do Bonfim, que conheceu por meio das redes sociais. Essas interações anteciparam o carinho e a acolhida que encontraria pessoalmente. “Quando cheguei, já sabiam que eu vinha. Fui recebida com tanto amor e abraços no Centro de Artes. Eu senti que tinha feito a escolha certa”, conta, com um sorriso que revela a emoção da lembrança.

Através desse intercâmbio, Suelinda está construindo pontes entre o continente africano e o interior baiano. Ela garante que irá compartilhar com os colegas um pouco da rica cultura de Cabo Verde — “mostrar como é meu país, nossa dança, nosso jeito alegre de viver”, diz. Para ela, há uma conexão profunda entre os povos cabo-verdiano e brasileiro, especialmente na forma vibrante e calorosa com que celebram a vida.
Mais do que simplesmente realizar seu próprio sonho, Suelinda Corsino deseja transformar essa trajetória em exemplo para outras pessoas. Ela imagina um futuro onde a arte — seja por meio de peças de teatro, filmes ou projetos de dança — inspire crianças, jovens e adultos cabo-verdianos e brasileiros a romperem barreiras e a perseguirem seus sonhos. “Os sonhos são importantes porque são eles que dão sentido à vida, que nos impulsionam”, afirma, com os olhos brilhando.